No mês das Doenças Raras, o Instituto Jô Clemente (IJC) apresenta histórias que visam à conscientização

Referência sobre o tema no Brasil, o IJC prevê a criação de um centro de pesquisa voltado para a inclusão e direitos básicos de pessoas com doenças raras

Redação* Publicado em 26/02/2024, às 06h00

É importante à conscientização das doenças raras -

No mês de fevereiro, o Instituto Jô Clemente (IJC) celebra o Mês das Doenças Raras com iniciativas dedicadas à conscientização sobre essas condições médicas e à melhoria do acesso ao diagnóstico e tratamento. A data oficial, 29 de fevereiro, foi estabelecida para destacar a importância de proporcionar conhecimento e apoio às pessoas com doenças raras e seus familiares.  

Doenças raras são condições médicas que afetam 65 a cada 100 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isoladamente, cada uma das cerca de 8 mil doenças raras possui uma incidência diferente. Podem ser doenças genéticas, metabólicas, hereditárias, congênitas, imunológicas ou infecciosas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, há cerca de 13 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara.  

O Instituto Jô Clemente (IJC), referência em Triagem Neonatal (TN) da América Latina com o maior laboratório do Brasil em número de exames realizados, além de atuar no segmento das doenças raras, também atua no tratamento das pessoas com deficiência intelectual e Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na TN, especificamente no Teste do Pezinho, o IJC realiza o diagnóstico de mais de 50 doenças, entre elas condições raras como a Atrofia Muscular Espinhal 5q (AME-5q), uma doença genética neuromuscular.

 

Veja também

A AME-5q é caracterizada pela degeneração de neurônios motores, com consequente atrofia muscular, acometendo os músculos e dificultando, progressivamente, os movimentos. Em casos mais graves, a respiração e deglutição são também afetadas. A inclusão desse diagnóstico está prevista na expansão do Teste do Pezinho pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dentro do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), de acordo com a Lei Federal 14.154, de maio de 2021.  

A Atrofia Muscular Espinhal 5q (AME-5q) tem incidência de um a cada 10 mil nascidos vivos. No Brasil, estima-se que ela atinja mais de 1.525 brasileiros, de acordo com levantamento realizado pelo Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal (Iname). Uma das pessoas que tem a AME-5q é a Drª Vanessa Romanelli, bióloga e doutora em genética, atualmente supervisora do Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Jô Clemente (IJC).

Desde criança, ela sempre quis ser cientista. Aos sete anos, recebeu o diagnóstico dessa doença rara. Durante a adolescência, nas consultas e conversas com seus médicos sobre a condição, a paixão pela ciência se intensificou dentro da genética. Quando ingressou no curso de Pós-Graduação da USP, se especializou em genética, especialmente de doenças raras, e hoje é, também, pesquisadora do CEPI-IJC.

“Sem dúvida, o diagnóstico precoce é a melhor oportunidade para um bom prognóstico do paciente e a qualidade de vida dessa pessoa. Contudo, atualmente, ainda faltam Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs) instituídas, especificamente, para pacientes pré-sintomáticos dentro de um contexto mais amplo do Programa de Triagem Neonatal Brasileiro, como é o caso da AME-5q. Por isso, em Março de 2023 lançamos um Guia para orientar os profissionais de saúde”, afirma Romanelli.

Ainda com o intuito de inserir pessoas com doenças raras na sociedade, a Draª Vanessa Romanelli participará como palestrante no encontro “Construindo políticas públicas de sucesso para os raros em 2024”, da Frente Parlamentar Mista da Inovação e Tecnologias em Saúde Para Doenças Raras (iTec Raras). Vanessa irá abordar o tema Inclusão dos Raros no Mercado de Trabalho. O evento será no dia 28/02/2024, às 14 horas, no Auditório Freitas Nobre, Subsolo do Anexo IV, Câmara dos Deputados em Brasília.

História inspiradora

Marta Azevedo, de 68 anos, descobriu uma Imunodeficiência Primária já na idade adulta. A imunodeficiência é um grupo de doenças caracterizadas por um ou mais defeitos no sistema imunológico. Os sintomas mais comuns são infecções bacterianas, virais ou fúngicas de repetição. Geralmente acontecem entre o terceiro e o sexto mês de vida, mas podem se alterar ao longo da vida.  

Tendo em vista todas essas características, a vida de Marta foi marcada por vários desafios. Ela conta que, aos quatro anos, sofria de asma grave, posteriormente, na adolescência, começou a sofrer com infecções de pele e cáries dentárias, o que fez com que perdesse a maioria de seus dentes.  

Durante a sua gravidez, ela teve diversas infecções virais e bacterianas, entre elas a esclerodermia, uma doença autoimune que se caracteriza pelo endurecimento da pele e dor nas articulações. Após essas doenças, ela procurou ajuda médica e, após diversos exames e biópsias, chegou ao diagnóstico preciso de imunodeficiência primária.  

O tratamento depende da manifestação em cada pessoa. Em alguns casos pode ser feito o acompanhamento e monitoramento, enquanto, para outros, pode ser necessário o uso de medicamentos ou, até mesmo, transplantes de medula. Além do tratamento adequado, o apoio de familiares e amigos é fundamental para a melhora do paciente.

 

Saúde tratamento inclusão doenças raras conscientização

Leia mais

Dia Internacional da Síndrome de Asperger destaca a importância do debate sobre o transtorno


Inclusão nas escolas: um novo capítulo de esperança com a criminalização do bullying


A importância do acompanhamento nutricional para pacientes com doenças neuromusculares raras


Primeiro centro integral de doenças raras da América Latina abre registro de interesse para pacientes


Prêmio Mulheres Raras reconhece aquelas que fazem a diferença na causa das doenças raras