Uso da inteligência artificial em casos de pré-eclâmpsia melhora desfecho de internação e tratamentos

Entenda como o uso da inteligência artificial tem sido eficaz no combate ao problema

Eduardo Cordioli* Publicado em 03/05/2024, às 06h00

Entenda a como a IA tem funcionado para ajudar na medicina -

Dados do Ministério da Saúde revelam que a hipertensão na gestação é a principal causa de morte materna no Brasil, com 35% dos óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. Além disso, as gestantes hipertensas têm mais risco de terem pré-eclâmpsia. Por isso, é tão importante abordar o tema incansavelmente para tratar essa condição que acomete tantas gestantes e, consequentemente, seus bebês.

Para combater essa estatística, o uso de Inteligência Artificial (IA) no manejo da pré-eclâmpsia – grave complicação gestacional que pode levar à morte de mãe e bebê – tem sido eficaz por meio de investimento em ferramentas de Big Data e IA que auxiliam os obstetras na tomada de decisões. Não se trata somente de uma questão de usar a Inteligência Artificial, mas sim sobre inteligência aumentada que é quando a máquina amplia a capacidade de decisão humana.

E como funciona na prática? A partir da análise de dados de prontuário médico, exames e histórico gestacional, o médico pode optar por usar a ferramenta que está disponível dentro do sistema do prontuário eletrônico para mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia e, com isso, a própria ferramenta sugerir um protocolo de conduta para aquela paciente específica.

Essa tecnologia inovadora já contribuiu para a redução de casos de reinternação de pacientes com pré-eclâmpsia, que é o aumento da pressão arterial a partir da 20ª semana de gestação e que pode acometer mulheres que normalmente apresentam ou não problemas de hipertensão. O quadro pode evoluir para um quadro grave da pré-eclâmpsia, sendo que sintomas são dor de cabeça, inchaço, retenção de líquidos, pressão alta e presença de proteína na urina. A evolução desse quadro pode levar à eclâmpsia, que causa convulsão, e à síndrome HELLP, com complicações com alto potencial de gravidade e risco de vida para o binômio mãe-bebê. A IA também contribuiu para diminuir a utilização de medicamentos diferentes e alternativos nos tratamentos, bem como a necessidade de transfusão sanguínea ao reduzir o índice de hemorragia.

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Para se ter uma ideia, cerca de 40% das pacientes que são internadas na UTI Semi-Intensiva no Hospital e Maternidade Santa Joana são mulheres acometidas com crises hipertensivas, tanto hipertensão crônica quanto pré-eclâmpsia. E, como exemplo, desde 2022 a taxa de mortalidade materna da Instituição, que já era uma das menores do mundo, é zero, reforçando o impacto positivo do cuidado, treinamento médico, protocolos e ferramentas de apoio à decisão.  

Diante de todo esse cenário, a IA tem se mostrado uma poderosa aliada do obstetra na luta não somente contra a pré-eclâmpsia, mas também contra outras doenças que podem acometer todo o período perinatal, proporcionando um futuro mais seguro e saudável para as gestantes e seus filhos. E, acima de tudo, o compromisso de uma equipe médica multidisciplinar deve ser voltado a sempre oferecer o melhor atendimento à saúde materna e infantil e, se tiver como aliada a utilização de ferramentas inovadoras para garantir a vida, os desfechos nos tratamentos apresentarão melhores índices gradativamente.

*Dr. Eduardo Cordioli é diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana

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