Entenda como a coleta seletiva pode reduzir o lixo e promover a reciclagem eficaz, priorizando o meio ambiente
Gisele Barbin* Publicado em 02/02/2025, às 06h00
O plástico está presente em quase tudo o que as pessoas usam. Isso, porém, passa despercebido em meio a tantas informações no dia a dia, assim como a destinação que é dada ao material, quando vira resíduo.
O tema, sobre a nossa relação com o que usamos e depois “jogamos fora”, é algo imprescindível para o futuro do planeta: os itens que escolhemos, como lidamos com eles e como os descartamos. Vamos começar falando da “origem”. O plástico sempre foi uma solução com um bom custo-benefício para a indústria. E, por isso, passamos décadas produzindo, adotando esse material para várias finalidades e descartando e produzindo de novo.
Esse processo gerou uma quantidade significativa de plástico no meio ambiente, o que passou a chamar atenção da sociedade. E que bom ter acontecido isso. Mas vem a pergunta: Como é possível manter algo tão útil e prático sem perder a responsabilidade ambiental?
Uma das soluções vem da própria indústria, que criou a resina pós-consumo, chamada de PCR, importante para a economia circular. Ela resolve dois problemas ao mesmo tempo: a extração das matérias-primas e a gestão de resíduos. A resina vem de embalagens de alimentos, garrafas PET, frascos, sacolas brinquedos, componentes plásticos de eletroeletrônicos, entre outros itens.
Resumindo, o PCR transforma resíduo em recursos. Mas ainda temos plásticos que são descartados indevidamente no meio ambiente. Por isso, os municípios precisaram se ajustar à política de resíduos sólidos e reduzir o montante que é destinado ao aterro sanitário.
A chave para que esse processo se movimente positivamente é a coleta seletiva. Temos algumas leis, como na capital paulista, e nos Estados do Rio de Janeiro e Pará, que se referem às sacolas plásticas. Uma das informações é que a sacola verde é destinada ao material reciclável, e a sacola cinza, para o não reciclável, o que já é uma grande ajuda, porque auxilia na separação do lixo. Muitas pessoas desconhecem essa e outras informações, mas a mudança já começou. É possível perceber um movimento do consumidor, que está motivado.
Com toda a educação que é ministrada nas escolas e as informações cada vez mais veiculadas, as pessoas começam a fazer a parte delas e descartar o lixo corretamente.
É importante dizer que a utilização dos saquinhos (não apenas sacolas) vistos no hortifruti dos supermercados são reutilizados para colocar o lixo. A sacola vem, portanto, para agregar. A separação pode ser feita, por exemplo, nos condomínios. Alguns deles optam pela água de reuso e já existe o IPTU Verde (que dá desconto) para quem prioriza essas iniciativas. É preciso dar incentivos à população, não multar.
Nós desenvolvemos produtos, como o próprio saco pra lixo com conteúdo PCR, com o objetivo de preservar o meio ambiente. O caminho é adquirir as aparas de mais de 10 cooperativas, o que também fomenta a economia, já que essas cooperativas empregam muita gente, comercializando, inclusive, o crédito de carbono. E a própria indústria tem tido um papel importante, adotando a logística reversa, recolhendo o que produziu, o que vai ajudar bastante.
Reforço: a educação é o único caminho para que todos se engajem na questão que precisa ser tratada como prioridade. Não teremos sucesso se não houver a união entre o público e o privado para que as informações cheguem a todos e os hábitos sejam modificados. As próximas gerações agradecem.
*Gisele Barbin é diretora da ONG Cidade Verde em Guarulhos e gerente comercial da Extrusa Pack, uma das maiores fabricantes de sacolas e sacos para lixo do país.
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