Quando meu filho(a) vai começar a alfabetização?

A diretora pedagógica Silvia Adrião comenta sobre o processo de alfabetização das crianças

Silvia Adrião* Publicado em 02/09/2022, às 06h00

O ambiente familiar também precisa incentivar a cultura da escrita -

A infância é um período cheio de descobertas, aprendizagens e também anseios. Seu filho já senta sozinho? Ainda mama no peito? Já dorme a noite toda? Deu os primeiros passos? Olha! Já começou a falar! Nesse looping de conquistas e desenvolvimento, entra também a preocupação: e a alfabetização? Quando vai começar?

Muitas famílias esperam que a escola faça essa iniciação e conduza, algumas vezes com certa pressa, essa tão importante conquista. É normal que os pais se sintam preocupados e até mesmo ansiosos. Porém, é necessário conhecer um pouco melhor como se dá esse processo para diminuir a pressão e saber agir com mais coerência.

Considerando a complexidade dessa aprendizagem e o valor que a escrita e a leitura têm em nossa sociedade, podemos afirmar que ela se inicia muito antes de a criança entrar na escola. É no ambiente familiar que esse conhecimento começa a ser nutrido, desde bebê. Ao ouvir histórias contadas pelos pais, brincar com as palavras, folhear livros, observar materiais impressos em casa, ver os adultos escrevendo, lendo ou fazendo anotações, a criança começa a se relacionar com a escrita e com a leitura.

Por isso, se você tem um bebê ou uma criança bem pequena, podemos dizer que a alfabetização já começou. Calma! Não é para sair cobrando o alfabeto dos pequenos, mas é fundamental que os pais e familiares prezem pela leitura e pela escrita. O exemplo e o ambiente domiciliar serão determinantes nesse caminho.

A experiência escolar também será um fator decisório. Pesquisas recentes apontam que crianças que passaram pela Educação Infantil apresentam, no longo prazo, melhor desempenho escolar e socioemocional. Portanto, essa é uma etapa do ensino que não se deve relevar, muito menos abdicar da sua qualidade.

Do ponto de vista do neurodesenvolvimento, as crianças precisam aprimorar as denominadas funções executivas (memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e controle inibitório), que darão suporte para ampliar suas aprendizagens e garantir um melhor progresso. A promoção dessas funções se dá por diversas formas que nem sempre lembram uma “atividade de alfabetização”. Cantar com os colegas, construir uma torre com diversos materiais, compartilhar as tintas, realizar uma colagem detalhada, arrumar o espaço para um lanche e esperar sua vez em um jogo são ações que mobilizam as funções executivas e semeiam aprendizagens que contribuirão para o ato de codificar e decodificar as letras, além de contribuir para o processo de letramento, uso competente da leitura e da escrita nas práticas sociais.

 

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A aquisição da linguagem é um processo amplo, e a escrita é parte dele. É papel da escola organizar e promover a ampliação dos saberes e fomentar a instrução formal, principalmente no campo da escrita e da leitura, pois a criança precisa ter formação intencional para poder avançar em suas hipóteses. Além disso, geralmente, não se aprende a ler e escrever sozinho, os alunos precisam de apoio e estímulos adequados e lúdicos.

Também não podemos deixar de citar as aprendizagens no campo da psicomotricidade. A coordenação em movimentos grossos e finos precisa ser explorada antes de cobrar a grafia de uma letra. Rabiscar, desenhar, manipular argila, rasgar papel, pular obstáculos e subir no galho de uma árvore também são ações que favorecem o desenvolvimento integral da criança.

A chamada “alfabetização” é uma operação complexa, dinâmica e gradual. É papel da escola de Educação Infantil favorecer o encontro das crianças com o mundo letrado por meio do contato com livros, histórias, jogos e brincadeiras, e é na entrada do Ensino Fundamental, a partir do 1º ano, que se deve dar mais luz ao processo de sistematização da escrita e da leitura.

Para concluir, cuide para que sua casa seja um ambiente que promova e valorize a cultura escrita. Considere colocar seu/sua filho(a) em uma Educação Infantil de qualidade – direito de toda criança – que estimule o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança, e confie! As crianças são ótimas e, quando bem amparadas, vencem os desafios com competência.

 

*Silvia Adrião – Diretora Pedagógica da Escola AB Sabin

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