Em São Paulo, o ato Mulheres Vivas foi marcado pela participação de coletivos feministas e da sociedade civil
Patrícia Martins* Publicado em 09/12/2025, às 11h00
Debaixo de um sol escaldante de mais de 33°C, em plena Avenida Paulista, neste último domingo (7/12), ocorreu o "Levante das Mulheres", um ato de Mobilização Nacional que ocorreu simultaneamente, em São Paulo e em várias capitais do país.O ato teve como objetivo protestar contra os casos de feminicídio e atos de vivências registrados por todo Brasil, contra as mulheres.
Nesta jornada, me deparei com olhares profundos, mas até então desconhecidos, no meio de uma multidão de aproximadamente 9,2 mil pessoas. A Stefany da Silva Batista, 36 anos, mãe solo e atípica, da região de Itaquera, zona leste da capital, acompanhada de sua filha, Marjorie de 7 anos, Transtorno Espectro Autista, portador II.
A mãe, Stefany visivelmente emocionada e lutando como uma grande guerreira no meio de tantas vozes e naquele mar de gente, me chamou a atenção - e segurava um cartaz escrito: "Basta de Feminicídio"! Enquanto a sua filha, Marjorie, de 7 anos, TEA curtia no celular, o som da banda Coldplay, e segurava segurava um outro cartaz: _"Nenhuma a Menos."_ se fizeram presentes, nessa Mobilização Nacional. Stefany que é auxiliar de veterinário, estudante de Fonoaudiologia, mãe solo e atípica da Marjorie, relata com a voz firme sobre o ato. "Estou aqui num mix de sentimentos: alegria de ver tantas mulheres se unindo para dar voz àquelas que já se foram, as que aqui estão e as que estão por vir. Ver crianças, meninas sendo conscientizadas, em um momento tão delicado.
Ver alguns homens também levantando a bandeira de proteção às mulheres, estar aqui com a minha filha, sendo voz de nós mesmas, sendo representatividade também das mulheres com deficiência, seja física ou intelectual, é importante ela estar presente nesses momentos, como sociedade civil e também de se sentir acolhida com as outras mulheres. E nós fomos acolhidas, com empatia, nós conseguimos sentir o amor, a união, a força, a potência da nossa voz e com a esperança de de mudanças, para um futuro melhor. E que num futuro próximo, as coisas melhorem, que tenham leis mais justas; e que esee cenário de violência contra a mulher mude. Pois, é cansativo é exaustivo ver a vida de tantas mulheres perdidas, é por todas que estamos aqui."
A mobilização, intitulada de "Mulheres Vivas, Mobilização Nacional", teve concentração na altura do vão livre do MASP (Museu de Artes de São Paulo), por volta das 14h. A dispersão dos manifestantes aconteceu por volta das 16h.
Os participantes do ato, foram orientados a vestirem roupas de cor preta, roxa ou lilás, para representar o movimento de luta contra a violência contra as mulheres.
Segundo, Dafne Sena, uma das Covereadoras do Coletivo da Bancada Feminista do PSOL em São Paulo e Coordenadora do Movimento "Levante Mulheres Vivas" de São Paulo. "O mandato coletivo utilizou nossas plataformas para divulgar e incentivar a participação nos atos e na luta, com o intuito de promovermos a visibilidade do movimento "Levante Mulheres Vivas", que tem como foco principal a luta contra o feminicídio e a violência contra a mulher. A divulgação da Mobilização na Av. Paulista, foi realizada em cárater emergencial com: publicações nas redes sociais, como o Instagram, convocando a população a acompanhar os atos em suas cidades, divulgar a causa e praticar o cuidado mútuo entre as mulheres, utilizando a hashtag #MulheresVivas.
Para além disso, nós contamos no que diz respeito à organização, com o apoio da Polícia Militar e Defesa Civil do Estado de São Paulo, para o fechamento parcial da Av. Paulista, já que estavam ocorrendo atos de outros movimentos, e concurso público no entorno, revela Dafne Sena.
Contudo, o ato foi pacífico, contou com a participação da sociedade civil, políticos, artistas, coletivos feministas, afrodiaspóricos, indígenas e de várias Ongs engajadas em ações sociais e culturais de São Paulo. E o fortalecimento do povo, faz com que o governo fortaleça às redes de proteção às mulheres, que tenham mais orçamentos para criar mecanismos de defesas, infraestrutura e aplicabilidade mais rígidas das leis que defendem a vida das mulheres.
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*Patrícia Martins é jornalista
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