Estudo da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal relata os impactos da pandemia na primeira infância, principalmente em relação à insegurança alimentar
Redação Publicado em 17/10/2022, às 06h45
Diante do cenário de crise econômica que se agravou com a chegada da Covid-19, o país teve aumento no risco de insegurança alimentar e degradação de outros direitos fundamentais para milhões de famílias. A pesquisa da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal revelou que cerca de 324 mil crianças de 0 a 5 anos incompletos estavam com peso baixo ou muito baixo durante a pandemia. Um aumento de 54,5% do público infantil com peso muito abaixo e 15% com peso baixo.
As medidas de isolamento social e, consequentemente, a suspensão de atividades escolares intensificaram ainda mais a ameaça de fome, principalmente para crianças mais vulneráveis, que dependem das escolas para uma nutrição adequada. De acordo com a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, “o fechamento das escolas durante a pandemia influenciaram diretamente na alimentação das crianças. Para as famílias em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes, a alimentação das crianças ocorre apenas nas creches e nas escolas”.
Além dos impactos na alimentação infantil, o estudo relata ainda uma mudança negativa em relação às consultas de pré-natal. O indicador de sete ou mais consultas, que seguia uma trajetória ascendente desde 2015, caiu de 72,9% para 72,2% entre 2020 e 2021. É assegurado à todas as mulheres o atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal. Esse é um direito expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990 - Art.8º) e na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU). “As consultas de pré-natal, a realização dos exames previstos, o cuidado com a nutrição e a realização de consulta odontológica são fundamentais para a saúde da gestante e para o desenvolvimento do bebê”, reforça.
Outro ponto a destacar é o aumento acelerado da Razão de Mortalidade Materna (RMM) no Brasil. Em 2021, mais de 50% dos óbitos maternos ocorreram em função do coronavírus. A pesquisa também informa que a ausência de aleitamento materno e cuidados adequados, afeto e vínculo com o bebê, nos casos de óbito da mãe, podem ainda elevar a mortalidade infantil, em especial a mortalidade pós-neonatal. “Os dados do estudo são alarmantes e demonstram que as crianças são as mais afetadas dentro desse cenário, que necessita de uma ação de emergência, de qualquer natureza.” finaliza.
Braço filantrópico da Opy Health, gestora de infraestrutura hospitalar, o Instituto Opy de Saúde atua como articulador, fomentador de ideias, projetos e ações de grande impacto social na promoção da saúde de crianças, gestantes e na redução de fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis.
A forma como as mães bebem álcool tem mudado nos últimos anos
Panorama da realidade educacional no Brasil
Universidade Federal do Ceará e Instituto Maria da Penha lançam relatório sobre impactos da COVID-19 na violência doméstica
Retorno à sala de aula pós-pandemia: o que fazer com a indisciplina?
A queda dos fios pode ser um efeito pós-covid?