Emoções à Flor da Pele: Superdotação e o Mundo Interno de "Divertida Mente 2”

Assim como a sua primeira edição, o filme Divertida mente 2 nos leva a uma jornada fascinante pelo mundo das emoções. A sequência dá continuidade à história da jovem Riley, que enfrenta as complexidades emocionais da adolescência e é, justamente, por isso que acaba sendo um recurso poderoso para analisarmos e entendermos um pouco da vida emocional das crianças com altas habilidades/superdotação.

Divertida Mente 2 e as Emoções das Crianças Superdotadas

Não é segredo para ninguém que frequentemente as crianças superdotadas demonstram intensidades emocionais e um desenvolvimento assíncrono, em que a maturidade emocional  não acompanha as  habilidades cognitivas avançadas. Essas intensidades podem levar a desafios emocionais: ansiedade, frustrações sociais e angústia existencial. Além da reatividade emocional e da sensibilidade aumentadas, que são características marcantes e exigem uma abordagem cuidadosa por parte dos pais e educadores.

Em "Divertida Mente 2" (Inside Out 2), Riley precisa lidar com novas emoções, que influenciam as suas ações e decisões, enquanto atravessa a adolescência. Entre elas: alegria, tristeza, raiva, medo e nojinho. A intensidade com que essas emoções se manifestam na mente de Riley é um reflexo direto das experiências que muitas crianças superdotadas passam.

As emoções de Riley são amplificadas, uma característica comum em crianças superdotadas. Sua sensibilidade aumentada é visível quando pequenos eventos desencadeiam respostas emocionais intensas. Da mesma forma, crianças superdotadas podem reagir fortemente a estímulos que outras crianças podem não perceber ou considerar importantes. Esta intensidade emocional pode ser uma fonte de grande alegria e entusiasmo, mas também pode levar a sentimentos avassaladores de tristeza ou raiva.

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Além de variadas, as emoções de Riley são conflitantes, o que a deixam confusa e sobrecarregada. Essa experiência é semelhante ao desenvolvimento assíncrono observado em crianças superdotadas, em que as suas habilidades intelectuais avançadas coexistem com uma maturidade emocional que pode não estar no mesmo nível. Essa assincronia pode resultar em frustrações sociais, já que a criança pode ter dificuldade em se relacionar com os colegas, que não compartilham de suas intensidades emocionais ou intelectuais.

Assim, uma análise de "Divertida Mente 2" nos oferece uma visão clara e envolvente sobre a complexidade das emoções humanas e uma compreensão mais clara sobre como a intensidade emocional e o desenvolvimento assíncrono afetam a vida das crianças com superdotação.

Para superar essas questões, praticamente inevitáveis na superdotação, e possibilitar que as crianças possam viver as suas experiências emocionais intensas de forma equilibrada, é primordial desenvolver a inteligência emocional delas. Isso deve acontecer por meio da implementação de estratégias de melhoria da inteligência emocional, que permite o reconhecimento, a compreensão e gerenciamento das próprias emoções de forma eficaz, promovendo um bem-estar emocional duradouro.

*Damião Silva é psicólogo, neuropsicólogo e especialista em Superdotação.