O Instituto Justiça representa o compromisso de transformar solidariedade em ações concretas e sustentáveis
Indiara Dias de Souza* Publicado em 11/10/2025, às 06h00
Sou formada em Arquitetura e Urbanismo, mas foi no meio de um dos maiores desafios da nossa era que encontrei meu verdadeiro propósito. A pandemia de COVID-19 nos obrigou a olhar para além de nós mesmos, a estender a mão para quem mais precisava e a transformar solidariedade em ação.
Naquele período, enquanto participava do comitê de infraestrutura de um condomínio em Porto Feliz (SP), comecei com vizinhos uma simples campanha de arrecadação de cestas básicas. O que parecia pequeno logo ganhou força e se tornou muito maior do que eu poderia imaginar.
Junto do meu marido, Luiz Felipe Dias de Souza, apoiamos iniciativas que levaram recursos até povos do Xingu e comunidades no Nordeste, além de viabilizar novos leitos de UTI para a Santa Casa de Porto Feliz.
Foi então que percebi: meu destino não estava em um escritório, desenhando projetos arquitetônicos. Meu coração queria estar na linha de frente, coordenando iniciativas, conectando pessoas, levando esperança onde antes havia dor e reconstruindo dignidades.
Chegou a hora de dar vida a um sonho antigo nosso.
Em 2021, fundamos o Instituto Justiça (IJ), uma associação sem fins lucrativos com o propósito de transformar realidades por meio da justiça social, ambiental, da saúde e da promoção dos direitos fundamentais. O Instituto Justiça é mais do que um projeto: é a realização de um sonho pessoal, é o legado que quero deixar.
Na essência, ele traduz nosso desejo de tornar o conceito de justiça algo palpável, próximo, vivido no dia a dia. Porque justiça não pode estar restrita a leis e tribunais — justiça é garantir que cada pessoa tenha acesso ao básico, a oportunidades e à dignidade de viver plenamente.
Esse é o caminho que escolhi para marcar a minha história: transformar solidariedade em impacto real e deixar para as próximas gerações um mundo mais justo, humano e sustentável.
Ao longo desses cinco anos, o Instituto Justiça realizou diversos projetos nas áreas da saúde, meio ambiente, educação e desenvolvimento social. O Recria-se é um deles, do qual sentimos imenso orgulho e acreditamos que possa ser ampliado para todo o país.
Durante as enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, reunimos esforços para fortalecer a onda de solidariedade formada no Brasil, com a arrecadação e envio de mais de 2 mil toneladas de doações emergenciais a 40 mil das 2,4 milhões de pessoas atingidas.
Em meio a essa mobilização, porém, surgiram os desafios. Muitas das roupas doadas não tinham condições de uso e seriam descartadas em aterros sanitários. Olhamos aquela montanha de roupas e nos perguntamos o que poderíamos fazer para aquilo não virar ainda mais lixo. Foi exatamente nesse momento que nasceu o Recria-se.
Idealizado pelo instituto e implementado em parceria com a Ciclo Reverso – empresa focada em economia circular e inclusão produtiva–, o projeto é uma resposta criativa e sustentável para transformar, inicialmente, uma tonelada de resíduos têxteis em ecobags, que carregam histórias de superação, impacto ambiental positivo e empoderamento social.
Até agora, 64 mulheres de seis comunidades gaúchas participaram de capacitações em corte, costura e técnicas de macramê para confeccionar produtos sustentáveis e, assim, obter uma fonte de renda que traz também visibilidade, empoderamento e autoestima. Além da capacitação, essas mulheres estão sendo remuneradas pelo trabalho no projeto, que rendeu até o momento R$ 69,2 mil.
Com o sucesso da fase inicial do projeto, na qual 6 mil ecobags estão sendo produzidas a partir dos 3 mil metros de tecido reciclado, decidimos ampliar o portfólio para dar continuidade no trabalho de redução dos resíduos têxteis e na atuação junto às mulheres em situação de vulnerabilidade.
Itens como sacolas, mochilas, bolsas, estojos podem ser adquiridos e personalizados com a sua marca, que irá estampar produtos de qualidade e, principalmente, cheios de propósito.
Porque cada peça entregue pelo Recria-se é uma nova possibilidade. Para quem faz. Para quem recebe. Para o planeta. Vamos Recriar juntos?
*Indiara Dias de Souza é fundadora do Instituto Justiça
Quer incentivar este jornalismo sério e independente? Você pode patrocinar uma coluna ou o site como um todo. Entre em contato com o site clicando aqui.
Mestra em Economia leva debate sobre cidades para escolas e planta sementes de transformação social
Projeto leva esperança e transformação para crianças em Uganda, na África
Beleza sustentável: como escolher produtos que fazem bem para você e para o planeta
Transformação social multidimensional. Por onde eu começo?
No mês do meio ambiente, educação financeira pode ser aliada das escolas no incentivo ao comportamento sustentável