Bailarina Eliana Favarelli completa 50 anos de carreira em pleno movimento

Lançamento de livro autobiográfico e estreia do espetáculo "Somos" fazem parte das comemorações dos 50 anos de carreira

Redação Publicado em 11/11/2025, às 06h00

Bailaria Eliana Favarelli se apresenta com Reginaldo Sama na competição 2024 Airstars - Foto: Divulgação

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Aos 63 anos, comemorando 50 de carreira em plena atividade, a bailarina Eliana Favarelli é um exemplo de como a dança pode transformar a vida das pessoas. Ela se apresenta nos palcos, produz espetáculos, faz aulas de circo e, com vigor redobrado é a imagem do empoderamento e a resposta de que o etarismo é uma postura descabida. “Sempre agi para que o meu corpo mantenha a forma. Tudo pelos palcos! O foco sempre foi dançar mesmo na idade mais avançada. É um trabalho árduo, mas graças à minha determinação não me surpreendo por ainda me manter em cena”, diz ela.

E foi graças a essa determinação que Eliana se superou mais uma vez: no início do ano, durante uma aula de circo, ela e o parceiro Reginaldo Sama, caíram do trapézio. Como resultado, uma clavícula quebrada e vários hematomas no rosto. Sem se deixar abater , passou a fazer fisioterapia e acupuntura  sempre com um sorriso nos lábios (inchados), e em cerca de três meses retomou as atividades com foco nos dois projetos em comemoração aos 50 anos de carreira.

Um é sua biografia justamente para contar sua história, sempre comentada por quem a conhece. “Acredito que tenho uma história longa, dura, mas ao mesmo tempo divertida e linda, claro! Afinal atendi ao chamado da arte, o que não é nada fácil. São muitos desafios e necessidade de superação pelo caminho. Por isso é um livro para, se possível, inspirar outras pessoas a seguirem e confiar em si, de olho no futuro”, explica, sobre o livro Uma Vida em Cena, escrito pela irmã Ana Maria Favarelli,  com prefácio da amiga e ícone da dança no Brasil, Ana Botafogo, e orelha da também irmã Fabiane Favarelli Navega.

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Paralelo, Eliana está a frente de mais um de seus espetáculos que já fazem parte do calendário cultural da cidade de Americana, onde mora e dirige uma escola de dança. Com um corpo de baile com mais de vinte integrantes, ela apresenta Somos, um percurso poético sobre identidade, encontro e transformação, que estreou no dia 25 de outubro, no teatro Lulu Benencase, em Americana.

Sem fazer dieta mas se exercitando, correndo e ensaiando todos dos dias, Eliana se diz realizada, mas sabe que a coreografia, digamos, continua. “Minha idade me permite performar e dar continuidade ao meu trabalho. Porém a idade exigida para companhias profissionais, musicais e grandes obras de ballet é condicionada aos bailarinos mais jovens. Sabemos que a vida é uma batalha ou um grande bailado”, reflete Eliana Favarelli.

Trajetória

Eliana começou a dançar balé clássico aos 12. Desde então, seu percurso quase sempre foi embalado pela dança. Passou por outras modalidades, como o flamenco, fez cursos nos Estados Unidos e formou-se em Educação Física em Piracicaba, sua cidade natal.

Porém, após o casamento, precisou mudar a rotina e interromper a dança quando engravidou de gêmeas aos 41 anos e descobriu que uma delas nasceria com problemas neurológicos.

Durante seis anos se dedicou a tentar um tratamento para Rafaela, até mesmo em outros países, mas a menina não resistiu e morreu em 2010.

Nesta época, Eliana já motivava a outra filha, Marina, a dançar e buscava ela própria uma forma de continuar alimentando sua paixão pelo balé. Foi assim que em 2007 criou, ao lado de outras bailarinas, o grupo Espaço Dançar, em Americana, onde é bailarina, diretora e coreógrafa.

Em 2015 montou a própria academia, a Twist Dança, com o objetivo de reunir pessoas como ela: bailarinos apaixonados pela dança, mas que ao longo do tempo seguiram profissões diferentes e se afastaram dos palcos. A maioria de seus alunos tem mais de 35 anos. "Nosso diferencial está justamente na maturidade e também na forma física. Além de dança, ainda  faço aulas de circo. Isso faz com que, mesmo que sejamos muito mais velhos, a gente consiga atuar com a mesma vitalidade”, afirma.

Eliana já realizou espetáculos com Ana Botafogo, Cícero Gomes, Marcelo Misailidis, Carlinhos de Jesus e Reginaldo Sama, entre outros. Com mais de 30 prêmios nacionais e internacionais, é tetracampeão do Festival Internacional de Dança de Joinville, nas categorias 40+ e Duo 60+.

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