A gastroenterologista Dra. Andreia Evangelista explica os principais sintomas, grupos de risco e formas de tratamento para esteatose hepática
Redação Publicado em 27/08/2022, às 06h00
Caracterizada pela infiltração gordurosa do fígado, a esteatose hepática é uma condição em que as células deste órgão, os hepatócitos, ficam repletos de gordura. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro do Fígado apontou que cerca de 30% da população brasileira apresenta o problema. Segundo a gastroenterologista Dra. Andreia Evangelista, é preciso estar atento, pois assim como grande parte das doenças do fígado, a esteatose é silenciosa, logo, não causa sintomas.
Um fator de alerta para a necessidade de exames periódicos (ultrassonografias e hepatogramas), a fim de se diagnosticar essa condição. Por não causar sintomas, frequentemente o diagnóstico surge durante a realização de check-ups de rotina ou analisando outras condições que estejam afetando a saúde”, explica Dra. Andreia.
Entre os grupos de risco mais afetados, a especialista aponta os pacientes com obesidade, diabetes e/ou portadores de síndrome metabólica, uma condição que reúne pelo menos 3 fatores de risco metabólicos, como aumento da circunferência abdominal, aumento dos níveis sanguíneos de glicose, alteração dos níveis de colesterol e/ou aumento dos triglicerídeos no sangue e hipertensão arterial.
A doença também pode ser decorrente do uso de determinados medicamentos, consumo exagerado de álcool e até mesmo por fatores relacionados a menopausa. “Em alguns casos, também é possível que genes estejam associados ao risco de doença hepática gordurosa, o mais comum deles sendo o PNPLA3, cuja mutação está ligada ao desenvolvimento de esteatose e suas consequências no fígado.”
No que diz respeito ao tratamento, Evangelista aponta dois pilares como os mais eficazes para a reversão desta condição, que se pautam na modificação dos hábitos alimentares e a mudança da condição de sedentarismo para um estilo de vida ativo. Porém, é imprescindível que os pacientes entendam que a ideia de “fechar a boca” ou fazer dietas sem a orientação de um profissional é uma atitude simplista, que pode ser até mesmo prejudicial à saúde, além de ineficaz para o combate à obesidade e todo e quaisquer problemas metabólicos relacionados, inclusive a esteatose.
Dessa forma, é preciso que haja uma reformulação de todos os alimentos consumidos, começando pelo abandono dos industrializados, ultraprocessados e ricos em frutose industrial, pois trata-se de fontes de açúcares e triglicerídeos, gordura que se acumula nas células hepáticas. O mais adequado, então, é dar preferência por boas fontes de carboidratos, como aqueles presentes em alimentos integrais, de gorduras, especialmente insaturadas – presente em peixes, sementes oleaginosas e de proteínas magras”, orienta Dra. Andreia.
Já nos aspectos relacionados às atividades físicas, a forma mais eficaz é a combinação de emagrecimento, redução do percentual de gordura e aumento de massa muscular, que é um tecido altamente metabólico e que não acumula gordura, portanto, possui um papel extremamente importante na saúde corporal.
Embora nenhuma medicação, até o momento, possa ser apontada como “milagrosa”, ou seja, que resolva o problema de maneira exclusiva, a Dra. Andreia Evangelista salienta que existem alguns medicamentos que auxiliam na melhora da inflamação associada ao acúmulo gorduroso, ou até mesmo remédios que contribuem na redução do peso corporal e que beneficiam a melhora dos níveis de gordura e inflamação hepática e podem auxiliar na diminuição da progressão da doença.
“Lembrando que os tratamentos no campo medicamentoso devem ser indicados e acompanhados conforme avaliação médica individualizada e, em todos os casos, é necessário o engajamento em mudanças de alimentação e estilo de vida, com as medicações servindo apenas como complemento”, alerta a gastroenterologista.
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