Uma em cada cinco crianças em todo o mundo não foi imunizada ou não completou o esquema de vacinas
Redação Publicado em 01/06/2023, às 10h00
Segundo o relatório “Situação Mundial da Infância 2023”, elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), uma em cada cinco crianças em todo o mundo não recebeu nenhuma vacina ou não completou o esquema de doses necessário para estar completamente imunizada contra doenças passíveis de prevenção. O cenário é considerado o pior em 30 anos.
Ainda de acordo com a entidade, 4,4 milhões de crianças são salvas todos os anos por conta das vacinas, número que pode chegar a 5,8 milhões até 2030, caso as metas de imunização sejam cumpridas. Porém, fatores como a pandemia de Covid-19, sistemas de saúde sobrecarregados, falta de recursos e, especialmente, mudanças na percepção sobre a importância das vacinas têm dificultado o alcance destes objetivos.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça a importância da vacinação para o público infantojuvenil em geral e para pacientes oncológicos, em particular, que devem ter sua situação vacinal verificada antes do início do tratamento e, se possível, atualizada conforme indicação do oncologista. Dr. Neviçolino de Carvalho, presidente da entidade ressalta que o tratamento oncológico compromete a imunidade do paciente e, portanto, estar protegido do ataque de vírus e bactérias, prevenido por vacinas, é primordial para diminuir o impacto de complicações e risco de morbidade e mortalidade dessas doenças.
Outro apontamento feito pelo estudo do Unicef é que, nos domicílios mais pobres, uma em cada cinco crianças não recebeu vacina, enquanto nos mais ricos, apenas uma em 20. “Esses dados escancaram a desigualdade de acesso à saúde na sociedade mundial, o que reforça a necessidade de novas políticas e ações de governos e entidades para um acesso mais equânime às vacinas, a diagnósticos e tratamentos”, ressalta Dr. Neviçolino.
O presidente da SOBOPE lembra ainda que para ser considerada imunizada a criança deve cumprir todo o ciclo vacinal, muitas vezes, não se restringindo apenas a uma dose: “É preciso tomar todas as doses recomendadas do imunizante, incluindo os reforços, quando houver necessidade. Assim, a oferta de doses e a convocação para o comparecimento para a vacinação devem ser perenes”, e complementa “Lembrando que pacientes em tratamento oncológico não podem receber vacinas de vírus vivos, nem ter contato domiciliar com quem a tenha recebido. Um exemplo é a Sabin, vacina oral contra poliomielite. Se houver necessidade de irmãos tomarem essa vacina, o recomendado é que recebam a vacina Salk, injetável e composta pelo vírus completamente inativado”.
Estudo realizado no Brasil com cerca de mil pediatras a fim de compreender a percepção dos mesmos sobre a baixa adesão vacinal apontou que, segundo os especialistas, um dos fatores que mais causam a hesitação vacinal são as fakenews, disseminadas principalmente por meio das redes sociais. Ao todo, 30,95% dos entrevistados deram essa resposta. Outros elementos apontados são a internet como um todo (13,60%) e o WhatsApp (8,43%). A TV também foi mencionada por 3,34% dos entrevistados.
“Há décadas as vacinas previnem doenças e salvam vidas. O Brasil é uma das referências mundiais no que se refere ao desenvolvimento e, principalmente, à distribuição da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ao analisarmos tais pesquisas, constatamos a primordial importância de campanhas de conscientização e esclarecimentos contra essa avalanche de informações falsas divulgadas principalmente das redes sociais”, reforça o presidente da SOBOPE.
Para aumentar os índices da cobertura vacinal, o Unicef considera primordial fortalecer a atenção primária e fornecer recursos e apoio aos trabalhadores da saúde que atuam na linha de frente, especialmente as mulheres. A entidade ainda apela para que os governos fortaleçam a demanda por vacinas, priorizem o financiamento de serviços de imunização e reforcem seus sistemas de saúde, investindo e valorizando os profissionais da área.
“Mais investimento em pesquisas, uma melhor distribuição de doses vacinais entre os países e a valorização dos profissionais da saúde são premissas importantes para começarmos a reverter esse quadro preocupante. Também vale reforçar que quando chega ao público final, a vacina já passou por inúmeros testes, portanto, não há motivos para esse retrocesso no mundo”, finaliza o presidente da SOBOPE, Dr. Neviçolino de Carvalho.
Fundada em 1981, a SOBOPE tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infanto-juvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais.
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