Conciliar maternidade e trabalho nunca foi fácil para as mulheres. Como lidar com as dúvidas e enfrentar as desigualdades?
Tatiana Romero* Publicado em 17/07/2024, às 06h00
Equilibrar trabalho e cuidado com os filhos é uma tarefa desafiadora para muitas profissionais. Muitas vezes, essa jornada resulta em sobrecarga de responsabilidades, tendo como consequência não apenas o cansaço físico, mas também o estresse emocional. O conflito entre horários de trabalho e obrigações familiares, como compromissos escolares, consultas médicas e outras necessidades dos filhos, é um desafio diário para as profissionais, e a falta de apoio e de recursos adequados agrava ainda mais o cenário, tornando o equilíbrio entre carreira e vida familiar uma tarefa árdua.
Uma pesquisa realizada recentemente pela Ticket revelou a dimensão desse desafio. De acordo com o levantamento, 48% das mães entrevistadas estão sobrecarregadas nos cuidados com os filhos, enquanto apenas 20% dos pais relatam a mesma sensação. Esses números evidenciam não apenas as diferenças nas responsabilidades parentais, mas também a desigualdade de gênero que persiste em muitos ambientes familiares e profissionais.
Além disso, a pesquisa revelou que as mães dedicam muito mais tempo aos cuidados com os filhos em comparação com os pais. Enquanto 29% das mulheres investem mais de oito horas por dia nas responsabilidades com a família, apenas 20% dos homens que são pais fazem o mesmo. Essa disparidade não é apenas uma questão de tempo investido, mas também de distribuição desigual das responsabilidades familiares. Outro aspecto a ser considerado é a falta de suporte para as mães. A pesquisa mostrou que 48% das respondentes são mães solo, enquanto 36%, apesar de casadas, são as principais responsáveis pelos cuidados com os filhos.
Esse desequilíbrio nas funções familiares inevitavelmente impacta nas relações das mulheres com o trabalho. As limitações enfrentadas pelas profissionais são agravadas pela pressão social para atender às expectativas de serem mães "perfeitas" e profissionais bem-sucedidas. Essa pressão pode gerar sentimento de culpa e estresse, tornando ainda mais desafiador manter o equilíbrio emocional.
Diante desse cenário, é necessário que haja mudanças estruturais nas empresas para apoiar as mães em sua jornada, para que possam equilibrar carreira e maternidade. Isso inclui políticas de licença maternidade e paternidade adequadas e flexibilização de horários. Além disso, é importante disponibilizar apoio à saúde mental das colaboradoras, com acesso ilimitado a sessões de terapia, por exemplo.
É fundamental promover uma cultura organizacional que valorize e apoie as mulheres que são mães, reconhecendo as contribuições únicas que elas trazem para o ambiente de trabalho. A busca pelo equilíbrio entre carreira e maternidade não deve ser uma batalha solitária. É hora de todos reconhecerem e valorizarem o papel fundamental das mães não apenas na criação de suas famílias, mas também na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
*Tatiana Romero é diretora de recursos humanos da Ticket. É formada em Administração de Negócios pela Universidade Paulista, pós-graduada tanto em Consultoria Interna de RH quanto em RH no geral, e tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Em seus 25 anos de carreira, ocupou múltiplos cargos de RH em áreas de gestão, como carreira, desenvolvimento, engajamento, business partner e remuneração. Tatiana é Coach certificada e membro do grupo de Líderes da Associação Brasileira de Recursos Humanos desde 2015, além de voluntária em mentoria para o desenvolvimento de mulheres e embaixadora de projetos de diversidade e inclusão.
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