Cidadania em tempos de polarização: estamos ensinando nossos jovens a participar ou a apenas concordar? Pesquisa traz dados
Redação Publicado em 27/02/2025, às 19h41
Pesquisa realizada com crianças brasileiras revela um entendimento de cidadania centrado na obediência, enquanto o engajamento crítico e a participação ativa seguem em baixa.
Qual o futuro da cidadania em um país marcado por polarizações políticas e debates acirrados nas redes sociais? É a essa questão que a pesquisa "O que é, o que é: Cidadania", realizada pela plataforma Educação para Gentileza e Generosidade (EGG), tenta responder, trazendo um recorte inédito sobre como as crianças brasileiras compreendem esse conceito fundamental.
O estudo, realizado entre junho e agosto de 2024, ouviu 188 crianças e adolescentes de 3 a 13 anos, estudantes de escolas públicas e privadas de todo o Brasil, incentivando-as a responder à pergunta: "O que é cidadania?". Os resultados revelaram um cenário inquietante: mais de 75% das respostas se concentram em conceitos de obediência e respeito às regras, enquanto o restante menciona participação social ativa ou transformação coletiva.
Essa desconexão entre cidadania e engajamento crítico reforça um dilema urgente: estamos formando cidadãos ou apenas espectadores?
Os dados da pesquisa apontam para uma relação tênue entre a percepção infantil de cidadania e os desafios atuais do mundo digital. Em tempos em que discussões políticas e atos cívicos se tornam cada vez mais eventos digitais — reações, comentários e compartilhamentos nas redes sociais —, o espaço para debates críticos e participativos diminui em favor de interações polarizadas e superficiais.
Essa mudança reflete no comportamento de jovens e crianças, muitas vezes expostos a uma cidadania performática, mediada por likes e hashtags, mas pouco ancorada em ações concretas de transformação social. Para Fernanda Budag, coordenadora da pesquisa, essa tendência revela a necessidade de educar as novas gerações para irem além da “obediência digital”: "Cidadania não é só seguir regras ou compartilhar opiniões nas redes sociais. É agir com consciência crítica e transformar a sociedade em que vivemos. Para isso, precisamos de famílias e escolas que também compreendam o que é cidadania e como exercê-la.”
A pesquisa também levanta questões sobre o papel da participação política na formação cidadã. De acordo com o estudo, 26,60% das crianças associaram cidadania a conceitos de respeito, enquanto apenas 3,19% mencionaram transformação ou conduta proativa. Essa disparidade aponta para um sistema educacional que ainda prioriza a conformidade às regras em detrimento de uma participação crítica e transformadora.
Embora o estudo mostre uma diversidade percepiva na compreensão do conceito de cidadania por crianças e adolescentes, os jovens brasileiros vêm demonstrando maior interesse pela participação política nos últimos anos. Dados recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o número de eleitores entre 16 e 17 anos cresceu 78% em 2024 em comparação a 2020, somando mais de 1,8 milhão de novos eleitores nessa faixa etária.
Além disso, mais de 20 milhões de jovens de 16 a 24 anos participaram das eleições, representando 12% do eleitorado total. Essa tendência reflete o impacto positivo de campanhas de incentivo à participação eleitoral promovidas por instituições, evidenciando que os jovens estão atentos às questões políticas e sociais.
Se as crianças têm dificuldades em entender o que é cidadania, será que os adultos estão preparados para ensiná-la? A pesquisa desafia pais, professores e líderes comunitários a refletirem sobre o papel que desempenham na formação de cidadãos críticos e conscientes.
Segundo Budag, "os adultos precisam entender que cidadania não é um conceito estático, mas uma prática diária. É sobre ensinar crianças a questionarem o mundo ao seu redor, a construírem pontes em vez de muros e a agirem com empatia e propósito em qualquer ambiente, seja na escola, na comunidade ou nas redes sociais."
O estudo da EGG não apenas mapeia como as crianças percebem a cidadania, mas também desafia a sociedade a repensar sua abordagem:
Como podemos ensinar as novas gerações a irem além da obediência e a se tornarem agentes críticos e transformadores?
Como transformar o ato cívico digital em uma prática que promova debates saudáveis e soluções concretas?
Estamos, como sociedade, preparados para formar cidadãos que enxerguem além das polarizações e assumam um papel ativo na construção de um futuro mais equitativo?
Se a cidadania é o reflexo da sociedade em que vivemos, a pergunta que fica é: estamos prontos para transformar nossas crianças em agentes de mudança ou continuaremos formando espectadores obedientes em um palco polarizado?
Considerando a educação como um caminho viável para a conscientização social, a plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade (EGG), projeto social da Umbigo do Mundo, oferece gratuitamente soluções sistêmicas integrativas, interdisciplinares e interpúblicos com base nos 7 princípios da educação para gentileza, generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e cidadania (7PEGG).
Para as escolas, metodologia com 27 planos de aula adequados à nova BNCC, além de Curso 7PEGG para Professores e o Prêmio EGG Escolas, já na 5ª Edição. Para as famílias, aulas práticas com vídeos, leituras e atividades. Para jovens lideranças sociais, eventos, formações e oportunidades de conexão e visibilidade com o programa O Poder dos Jovens. Para a sociedade, estudos e pesquisas inéditos com crianças e jovens. Para as empresas, dinâmicas de desenvolvimento humano para programas de treinamentos, além de manuais, testes e indicadores de performance. Os apoiadores-mantenedores são o Movimento Bem Maior e a Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
A série de pesquisas O que é, o que é, promovida pela Plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade, tem como objetivo mapear o que pensam as crianças brasileiras sobre os princípios: gentileza, generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e cidadania (7PEGG), palavras muito importantes para construirmos um futuro com mais consciência social e senso colaborativo.
Para acessar: https://www.gentilezagenerosidade.org.br/pesquisa-cidadania
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