É essencial não marginalizar o estudo e a prática da língua materna, que carrega traços culturais essenciais para a identidade de um povo
Redação* Publicado em 21/02/2024, às 06h00
O Dia Internacional da Língua Materna, celebrado anualmente em 21 de fevereiro, destaca a importância das línguas maternas na preservação da diversidade cultural e na promoção da educação de qualidade para todos. Neste dia, fica evidente o papel do idioma nativo na formação da identidade cultural e no acesso ao conhecimento, de acordo com o Sistema de Ensino pH.
Com a globalização, uma característica do século XXI, acaba-se centralizando a comunicação no inglês ou em outros idiomas considerados relevantes para a economia. Esse comportamento estimula a ideia de superioridade linguística, marginalizando as línguas maternas (primeiro idioma que a criança aprende, a partir do contato com a família).
Nesse contexto, vale lembrar que preservar as línguas maternas traz efeitos positivos em diversos âmbitos: o linguístico, o cultural e, até mesmo, o emocional. “Quanto ao aspecto linguístico, as línguas maternas contribuem para a riqueza da diversidade linguística global, o que possibilita não só a expressão mais espontânea das pessoas no dia a dia, como também para a produção artística mais plural”, diz Raphael Hormes, autor de Língua Portuguesa do Sistema de Ensino pH.
Quanto ao aspecto cultural, as línguas maternas garantem a transmissão de histórias, tradições e mitos para as gerações futuras. Embora seja possível fazer isso em outro idioma, como o inglês, algumas nuances e “cores” da cultura local seriam perdidas, empobrecendo o patrimônio cultural de uma comunidade. Sobre o aspecto emocional, a troca entre nativos reforça o sentimento de identidade pessoal e pertencimento a determinado grupo.
Segundo o especialista do Sistema de Ensino pH, algumas ações podem ser tomadas para a conservação das línguas em risco de extinção:
Com gravações de áudio e de vídeo ou transcrições escritas, é possível preservar o conhecimento linguístico e cultural, para que, no futuro, essas línguas sejam lembradas.
Também pode-se estimular a elaboração de materiais educativos digitais (como aplicativos e plataformas de ensino) que incentivem o contato com línguas minoritárias e com produções artísticas (como filmes e apresentações musicais) em que haja representações de comunidades que as usem.
Outra medida consiste na criação de um programa federal que fomentasse trabalhos e pesquisas da área da Linguística, o desenvolvimento de recursos educacionais, a capacitação de falantes e a interação com as comunidades locais.
As redes sociais podem atuar na criação de comunidades, grupos ou fóruns que reúnam falantes de línguas maternas e pessoas interessadas em conhecê-las. [
Com a difusão da inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT, é possível recriar com mais facilidade padrões linguísticos de línguas extintas ou em processo de extinção.
“As escolas podem atuar, por exemplo, com a inclusão das línguas maternas nos currículos escolares, o que pode ser feito por meio de programas de educação bilíngue ou multilíngue. Claro, esse tipo de medida exige investimentos, uma vez que se oferece a língua dominante do país e a língua minoritária de determinada comunidade”, diz Hormes.
Caso os próprios professores da escola não dominem essa língua minoritária, surge a necessidade de buscar parceria com a comunidade para encontrar indivíduos aptos a ajudar. Além disso, ele recomenda a realização de feiras, exposições e atividades culturais (teatro, poesia) que estimulem o uso e a valorização da língua materna.
No Brasil, isso pode ser feito em instituições que atendam comunidades indígenas, por exemplo. Além disso, em colégios bilíngues, é importante não negligenciar o estudo do português, língua materna dos brasileiros.
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